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Musicalização para Crianças Especiais

Vamos partir de um principio lógico e racional.
       O ritmo é um principio vital de todas as coisas: A pulsação, os batimentos cardíacos, o andar, o equilíbrio; Tudo no universo é movido através de sons. Não existe a vida sem música. Estudos mostram que a música desenvolve inúmeras habilidades no ser humano; é capaz de auxiliar no desenvolvimento de várias áreas como a matemática e no raciocínio lógico, desenvolve também a disciplina e ajuda no equilíbrio emocional. Visando estes benefícios para o individuo e observando uma frase do grande compositor e pedagogo musical Heitor Villa Lobos “Música para todos”. Engajei-me no estudo e na pesquisa em dedicação às crianças com deficiências mentais.
       Diz-se pessoa com deficiência mental aquele que tem o quoeficiente de inteligência (QI) menor do que o indicador apontado pela associação Brasileira de psiquiatria. Gostaria que todos entendessem que a deficiência mental pode não estar relacionada a nenhuma Síndrome.
       O primeiro grupo que tive a oportunidade de ensinar a música era um grupo de crianças com Síndrome como Williams. As crianças com esta síndrome apresentam varias limitações, QI reduzido e uma perda de 13% de massa encefálica formando falhas por todo o cérebro.  São pessoas comunicativas e têm afinidades musicais. Nesse estudo pude perceber que são crianças amigáveis e têm ouvido absoluto pela música. Encantei-me com esses seres tão especiais e continuei minha caminhada dentro desse seguimento buscando o desenvolvimento pedagógico, psicológico e motor destas crianças. O segredo do meu trabalho está em descobrir o canal de comunicação de cada criança especial, levando sempre em consideração que são seres únicos, e não existe uma regra para o ensino.
       Esta pesquisa iniciou-se em 2004, e desde estão tenho buscado não formar concertistas, mais sim dar as crianças com dificuldades mentais uma qualidade de vida melhor, visando o bem estar desses seres. Dentro deste âmbito venho expandindo meu trabalho a crianças com Síndrome de Down que também apresentam afinidades musicais maravilhosas e autistas que são pessoas doces e de poucas palavras; mas buscando a essência destes seres, venho através da música mostrar ao mundo que estes seres são tão especiais que vivem em nosso mundo como anjos. Busco em meu trabalho dividir com os familiares as alegrias e capacidades que estas crianças apresentam; respeitando suas limitações e atribuindo-lhes prazer pela vida e mudança na sua qualidade; ensinando-lhes que a vida vale à pena e fazendo valer a frase:
“A música é para todos”( Heitor Villa Lobos )


Texto: Professora Marisa Gama
Bacharel em música c/ Habilitação em Piano.
Especialista em crianças com Deficiência mental.
Professora de Teclas, Coral e Crianças especiais da escola de Música.
“No Mundo da Música”





 

Entrevista

Mãe de uma criança muito especial!



1 Primeiramente gostaria que você me contasse a história do Marquinhos. 



Tive uma gravidez precoce aos 15 anos, com um parto prematuro, porém tudo transcorria bem. Para mim, meu filho era um bebê como qualquer outro. Comecei a notar os primeiros sinais de sua diferença apenas aos 18 meses de idade; embora não emitisse nenhum tipo de som, nem balbuciava sons que os bebes costumam fazer desde muito cedo; era uma criança calada, introspectiva, só brincava com as mãos muito próximas ao rosto todo o tempo. Tinha um problema congênito na vista e desde bebe usava óculos, somente aos dois anos de idade em uma consulta com a ortoptica onde relatei minha preocupação e perguntei a ela se meu filho enxergava, me respondeu que o problema dele não era a  visão e sim outro; logo me encaminhou para uma equipe de neurologia onde começou a investigação e nada encontravam; foi então encaminhado para uma outra equipe de psiquiatras e psicólogos. Participou um ano de um grupo de pesquisa na Universidade São Marcos, mas estava ainda sem diagnostico. Fui então convidada em 2001 a participar de um grupo de pesquisa na USP. Aos 4 anos de idade ainda não falava, depois de muita busca e pesquisa identificaram nele aspectos autisticos, porem a confirmação só veio dos anos depois, quando começou a ser tratado com uma equipe médica no Hospital das Clinicas.






2 – Como é ser mãe de uma criança especial?



No inicio foi muito difícil entender o que ocorria com meu filho, então busquei ajuda através de pesquisas e com as pessoas que cuidavam para fazer o diagnostico dele. Precisava entender e aprender a lidar com o autismo que meu filho apresentava. Sofri muitos preconceitos e só os venci com muita dedicação, amor e luta; pois nem o pai era do meu lado sentia-se impotente diante da situação e não a aceitava. Enfrentei varias dificuldades, mas o interesse principal da minha vida era o bem estar do meu filho naquele momento.






3 – O que a musica trouxe de especial e o que mudou na vida do Marquinhos?



Tudo. Começando pela família principalmente pelo pai, que não acreditava no desenvolvimento do filho como ser capaz de algo. E de tocar um instrumento, então? Venci vários preconceitos e com a música tive a oportunidade de mostrar que ele é capaz, embora tenha as suas limitações. Hoje as pessoas o enxergam de forma mais humana e muitas vezes se emocionam com a lição de vida que ele passa para cada um. A música trouxe a ele maior desenvolvimento psicológico, motor e linguístico, além de tranquilidade, prazer, responsabilidade, compromisso e admiração de muitos.






4 - Qual mensagem que você gostaria de passar para as mães que estão começando a lidar com um filho especial?



Só vencemos as batalhas da vida com muita garra, coragem, amor e dedicação. Vivo em função do Marco Antonio, levo-o toda semana para as sessões com psicólogos fonoaudiólogos e aulas de musica com muito prazer. Sinto que a cada aula de musica ele sai mais satisfeito e feliz; toca melhor a cada dia.
Quero que as mães saibam que lidar com um filho especial é uma dádiva divina. Quando Deus nos escolhe para sermos mães de uma criança especial está nos dando a oportunidade de termos um anjo vivendo como humano entre nós. E alem do amor que temos com nossos filhos, temos ainda que ter muita paciência e dedicação; porque a luta ainda não terminou ela é infinita.
 


                                                         Eliana Aparecida dos Santos

O aluno Marcos, sua mãe Eliana e a Professora Marisa

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